segunda-feira, janeiro 24, 2011

TRÊS ANOS DE MÚSICA, POESIA, ARTE E AMIZADES


Nesta quinta-feira, 27 de janeiro, das 19hs ás 22hs, acontece edição especial do Sarau dos Amigos, que comemora três anos de evento. O destaque do encontro é a diversidade das atrações e exposições artísticas. No palco do Sarau se apresentam o Grupo de pagode SEDUSAMBA e os irmãos Weiller com blues e MPB, e o pop rock de Brukka e seus Amigos. A personagem Maria Quitéria traz a irreverência para o local, seu criador, o ator Arce Corrêa se despede de Campo Grande indo para novos desafios em São Paulo.
A dança é representada com a apresentação MINHA RAINHA, música de Nelson Gonçaves, interpretada pelo bailarino Paulo Paim, Coreografia de Chico Neller, da Arara Azul Cia de Dança da UCDB. O artista Marcos Valera, que há 15 anos realiza trabalho utilizando as técnicas figurativas e abstrata, faz exposição de telas.

O público confere ainda a Instalação da artista Neska Brasil e as poesias de Jorge Luis Borges, Martha Medeiros e Júlio Cortázar espalhadas em painéis pelo corredor, trabalhado desenvolvido pela produtora cultural Fabiola Brandão. A atriz e diretora teatral Conceição Leite declama a Poesia: ALÉM DO CÉU, ALÉM DA TERRA de Carlos Drumond de Andrade. O artesanato do ceramista Mauro Yanase e a arte em lona de Cleiton Ambrósio estarão a disposição do público. O grupo Ilê Camaleão faz uma roda de capoeira dirigida pelo mestre Liminha.

O ator Thiago Cycles apresenta a Stand up Comédy: "doe um fone a um funkeiro e faça um onibus feliz". O Núcleo Teatral Sarau dos Amigos apresenta a esquete teatral, “ terapia de casal”, quando a relação do casal Zuzete e Devanir esta próxima de uma separação, eles resolvem buscar ajuda com a psicóloga Neura, que acaba enlouquecida com o casal! Com os atores: Cleber Dias , Kelly Zerial e Thathy d. Meo que também assina a direção do núcleo. Durante o Sarau ocorre intervenção cultural de Claws. Chico (Douglas Moreira), Cazozinha (Tauane Gazozo) e Zureta ( Thathy d. Meo), fazem a intervenção com público apresentando alguns números onde os claws competem entre si para conquistar o “Grande Nariz de Ouro”.

Serviço: O Sarau dos Amigos acontece nesta quinta-feira, 27 de Janeiro, na casa do ator e jornalista Eduardo Romero. Rua Elvira Matos de Oliveira, 927, Universitário, região sul de Campo Grande. A entrada é um quilo de alimento, que são destinados aos Vicentinos da Paróquia Santa Rita de Cássia. Informações pelos telefones (67) 9619-6703, 9152-4447.

sábado, janeiro 08, 2011

Violência contra homossexuais: por Drauzio Varella

"Negar direitos a casais do mesmo sexo é imposição que vai contra princípios elementares de justiça"


A HOMOSSEXUALIDADE é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados. Nesse sentido, não existe aspecto do comportamento humano que se lhe compare.

Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência a mulheres e a homens homossexuais. Apesar de tal constatação, esse comportamento ainda é chamado de antinatural.

Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (leia-se Deus) criou os órgãos sexuais para a procriação; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela (ou Ele).

Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais? E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?
Se a homossexualidade fosse apenas uma perversão humana, não seria encontrada em outros animais. Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.

Em alguma fase da vida de virtualmente todas as espécies de pássaros, ocorrem interações homossexuais que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.

Comportamento homossexual foi documentado em fêmeas e machos de ao menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.

A homossexualidade entre primatas não humanos está fartamente documentada na literatura científica. Já em 1914, Hamilton publicou no "Journal of Animal Behaviour" um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre os machos dessas espécies. Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.

Masturbação mútua e penetração anal estão no repertório sexual de todos os primatas já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.

Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas.

Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por mero capricho. Quer dizer, num belo dia, pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas, como sou sem-vergonha, prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.
Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante? Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.

A sexualidade não admite opções, simplesmente se impõe. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.
Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade. Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países o fazem com o racismo.

Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais que procurem no âmago das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje. Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal aceitam a alheia com respeito e naturalidade.
Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.

Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser nazistas a ponto de pretender impor sua vontade aos mais esclarecidos.

Afinal, caro leitor, a menos que suas noites sejam atormentadas por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher? Se o vizinho dorme com outro homem? Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu por 30 anos?


Drauzio Varella é médico, autor de 'Estação Carandiru'
FONTE FOLHA DE S. PAULO