sexta-feira, março 30, 2007

O ARCO-ÍRIS DO NORDESTE


A cidade é pequena, interior da Bahia, Ipiaú, símbolo da ascenção e queda do do império do Cacau. E de uma personalidade forte, irreverente, Tito da Cruz.
Na adolescência, para desviar a atenção dos colegas sobre sua sexualidade, assumiu o apelido de Maconha, sem nunca ter fumado. Fugiu do curso de agropecuária, das botas sete léguas e do facão; aceitou seu destino e transformou-se no Arco-Íris do Nordeste, conquistando espaço e sonhos.
A vida não é fácil, exige. Para estudar e ensaiar òpera no Teatro Castro Alves (Salvador), trabalhou com lavagem e venda de roupas em boates gays, serviu refeições na feira livre. Andou léguas. Se inscreveu em shows populares, festivais e programas de TV. Aos poucos a força do forró assume reisado em sua identidade musical. É cantando o amor, o chamego, a alegria e a luta baiana que seu forró sambado explode. Conquistou espaço e a partir de 2002 se tornou presença nas festas de São João e Carnaval de Salvador. Sua mais conhecida composição é a música Pedra Bonita. Passa a ser conhecido na Bahia do extremo sul á caatinga. "Há 25 anos cantei pela primeira vez acompanhado pelo mestre Gafieira, mas eu não gosto de tocar neste assunto para não especularem minha idade", entre uma risada e outra. Polêmico e bem humorado, gravou forrós e sambas no Recife também.
Deixa claro sua posição: "sou uma pessoa pública, não tenho pretensão de omitir uma vírgula sobre minha sexualidade por causa de minha carreira. Meu trabalho é uma linguagem nordestina e o arco-íris é o símbolo gay mundial, eu sou um artista de representação GLS", afirma.

Gravou dois CDS com recursos próprios e o terceiro pelo Canta Nordeste, apoio de mídia local. Produz eventos culturais regionais, e sonha ver nas telas da TV seu roteiro de novela (que escreve há dez anos e guarda em segredo, pretende entregar em mãos a Glória Perez)

segunda-feira, março 26, 2007

A BAHIA...É DE QUEM?

Nas margens da BR 101 o retrato de um Estado, a Bahia que nem é de todos os "santos" ou pecadores... Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas, 54,9% dos baianos, ganham até meio salário. Não vivem, sobrevivem, em todas as condições possíveis para o sub...e muitos nem estão computados, pois nem "existem" na formalidade...estão as margens...de BRs e da vida.

Cenário comum no caminho para a Bahia (que tem belas paisagens e importância histórica), são placas como esta ai na foto, pedindo comida. O contraste de um Brasil: as mazelas sociais ao lado de cercas de fazendas verdes e ricas. A terra que reúne curiosidades da época do cacau, do descobrimento e que ainda deixa descoberta a dignidade e enterra sonhos. Na parada para essa foto conversei com o senhor José, desempregado, que vive a margem da BR há 05 anos e conta com a sorte de uma ou outra caça para sobreviver...junto a ele a familia, com 04 filhos pequenos.
Visitando Porto Seguro, paraíso do "descobrimento" do Brasil, as praias encantam, mas e o que fazem pelos índios pataxós? Na sua antiga morada uma cruz que é referência turística (a da primeira missa no Brasil, quando da chegada de Cabral), entre uma foto e outra de quem visita o local vale pedir e rezar pra conseguir um trocado. Ou quem sabe eles se interessem em comprar um ou outro artefanato indígena, ou fazer o que indica a placa. Segundo dados do UNICEF e o IBGE de uma população no total: 19.715 índios Baianos mais da metade vivem em estado avançado de pobreza. 71% das crianças e adolescentes INDÍGENAS vivem em situação de miséria. Metade da população não têm acesso a água tratada. E 21% dos meninos e meninas indíos entre 7 E 14 anos estão fora da escola. 15% com idade entre 10 e 15 anos são analfabetos. Enquanto que a riqueza do Estado se concentra nas mãos de poucos, bem poucos...Minha dúvida: de quem é mesmo a Bahia???

VIDA CIGANA?

Trinta anos no mesmo local, sem um dia de descanso, sem férias e sempre atendendo... Assim é a vida do "cigano", morador de rua de Vitória-ES, ele conserta sobrinhas, guarda-chuva e coisas do gênero. Tem uma companheira, que ele a chama de "funcionária", não se trata de esposa, mas de ajudante de trabalho. Em matéria de auto-estima, pouco sorri, mas se considera um grande consertador, o melhor e mais eficiente. E tem suas exigências: não aceita dar entrevistas em dias de semana, no máximo uma foto e se conseguir driblá-lo pode ser que responda algumas perguntas.
O encontrei na terça-feira, em uma calçado do centro próximo a Beira Mar, não seria possivel esperar o fim de semana para ter informações, embora tenha me chamado a atenção. O Cigano, como é conhecido, é falante e metido a entendor de tudo. Inclusive de outras linguas, dá gosto de ver. Na conversa é possível perceber que ele tem orgulho do que faz, apesar de mágoas no coração e descontentamento nos olhos. Vez ou outra tem problemas com a policia, "sabe como é a situação de morador de rua né, o rapa (polícia) sempre está no pé e enche o saco", relata.
Aprendeu sozinho o ofício e diz ter muitos clientes (eu não vi nenhum). O que me marcou nesse figura foi essa outra forma de viver na e da rua. Ao invés de pedir, oferece seu trabalho. Não tens nada, mas não perdeu o que de melhor poderia ter: a autoconfiança, embora seja o Cigano que não sai do lugar.

sexta-feira, março 16, 2007

BALANÇO DO SUL...

Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e de lambuja: Paraguai, Argentina e Uruguai. Muitas emoções, frio, e também muito calor ( o sul está quatro graus a mais que a média dos últimos dez anos). Imagens, há e máquina fotográfica perdida (com arquivo de mais de mil imagens, buá), rs. Revi amigos, fiz novas amizades. Entrevistei pessoas, conheci histórias e lugares. Matérias em jornais e tv. Assisti várias peças teatrais, inclusive uma de Campo Grande. Foi bom.
Do Sul levo lembranças e articulações, descobri talentos, levo amigos. Me ocorreram histórias inimagináveis (estarão no livro, rs). Cai de moto, ralei-me. Passei por serras e morros maravilhosos, entrei na meu próprio interior. Me provoquei, me superei. Em um rápido balanço: foi ótimo.
Saindo do Sul uma semana em SP, reencontro com amigos e familiares, participaçao na Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia) na USP. Contatos para possível mestrado. Passagem e descanso no RJ (cada vez mais violenta e perigosa, dá medo), seguindo ao ES (chego lá ainda hj 19/03). Entro na fase do nordeste...vamos rodar (eu e vermelhinha), há um bom chão pela frente...forte abraço e luz a tod@s. Na estrada, nos pensamentos, nas vivências...girobrasil.

UM DIA TRÊS PAÍSES

Foz do Iguaçu. Cheguei, conheci a cidade; simpática e acolhedora. Arborizada e estruturada para o turismo. Pasmem: as placas informativas funcionam, pode-se guiar por elas (como é chato vc entrar em uma cidade e seguir placas que nunca te levam ao local que indicam, rs). Me rendi aos encantos das Cataratas do Iguaçu. Lindo. Mais lindo é saber e ver de perto a tripla fronteira. No mesmo dia transitei e "conheci" o Paraguai, Brasil e Argentina. Acabei optando por durmir na cidade Puerto Guazú - AR.
Pequena, simples e muito interessante. Me bateu uma vontade danada de adentrar América Latina; bom, mas isso pode ser o proximo: GIRO-AMÉRICA DO SUL, rs. É impressionante poder traçar um rápido paralelo entre esses três povos e ver como a região de fronteira é gentil e "harmônica". Apesar das diferenças no trânsito, moedas, tradições e costumes, pode-se observar a tolerância e amistozidade existente, os povos se fundem. Há uma relação fraternal.