quinta-feira, junho 04, 2020

Que tal compartilharmos os impactos ambientais de maneira igualitária?

*Por Eduardo Romero

Esta semana celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho. Optei por falar sobre Justiça Ambiental, com o objetivo de difundir/expor algo injusto que está em nosso dia a dia e acabamos normalizando. Situações que numa democracia, infelizmente, não estão para todos. Deixo aqui a reflexão de como cada um de nós pode, com seus protestos individuais ou coletivos, contribuir para que esta realidade de injustiças ambientais e sociais diminuam e acabem de vez.  

O termo surgiu nos Estados Unidos no início da década 80, a princípio como racismo ambiental, quando os moradores de um conjunto habitacional de classe média baixa descobriram que suas casas estavam erguidas junto a um canal que tinha sido aterrado com resíduos químicos industriais. Outros casos parecidos surgiram posteriormente. A partir desses fatos foi realizada uma pesquisa que demonstrou que a distribuição dos depósitos de resíduos químicos perigosos, bem como a localização de indústrias muito poluentes se sobrepunham e acompanhavam a distribuição territorial das etnias pobres nos Estados Unidos.

O termo racismo ambiental foi alterado para Justiça Ambiental por entender que tal injustiça acomete não só os negros, mas também as populações mais vulneráveis como indígenas, ribeirinhos, agricultores familiares e famílias de baixa renda. Não se tratava apenas de um problema dos Estados Unidos, mas algo que se repete no mundo a fora, inclusive no Brasil. Você já parou para pensar se os impactos ambientais são compartilhados de maneira igualitária por todos?

Segundo a Constituição Brasileira, todos têm direito a um meio ambiente saudável e equilibrado. Entretanto, não é assim que acontece e vou citar um exemplo: quando ocorreu o desastre de Mariana - MG, quem ficou com os impactos? Quando ocorreu o caso do césio 137, em Goiás, maior acidente radioativo do Brasil, quem foram os impactados? Quando ocorrem deslizamentos de terras, enchentes, quem mais sofre? Mas por que chamar atenção para isso neste momento em que o País está passando por uma pandemia e chegamos ao triste número de 30 mil mortes?

Exatamente porque estamos em um momento tão delicado e que escancara ainda mais essa realidade de desigualdade e injustiça social, econômica e ambiental. Qual é a população menos assistida e mais vulnerável ao coronavírus? Os dados nacionais só reforçam o que estamos falando. A maioria das vítimas fatais da Covid-19 são pretos e pardos, com 54,8%, dos óbitos, entretanto também são as populações com menos acesso a internações que estão em 46%. São os que menos conseguem atendimentos médico especializado, e os que mais morrem da doença atualmente.

A flexibilização da quarentena que ocorre em diversas cidades, coloca em linha de frente a mão de obra trabalhadora, em grande parte das periferias, de áreas vulneráveis, o privilégio do home office está condicionado a quem tem melhores condições econômicas e sócio/culturais, pois para muitos dos brasileiros nem moradia digna existe. As questões ambientais passam pela mobilidade, saúde, economia, social, a acima de tudo por justiça. É preciso olhar para o lado e saber que as desigualdades geram abismos definindo, inclusive, quem vive mais ou vive menos. A denúncia dessa triste injustiça real é que ela afeta, de uma forma ou outra, todos nós. 

*Vereador por Campo Grande, Vice-Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal de Campo Grande e Coordenador Nacional da Frente Parlamentar de Vereadores Ambientalistas.

quinta-feira, maio 28, 2020

Bike e bem-estar é o par perfeito nesta época de pandemia

Por Eduardo Romero

 

Pedalar sempre foi algo benéfico e estimulador. Costumo dizer que a bicicleta oportuniza a velocidade da percepção, pois ao sair de bike conseguimos observar, perceber o caminho, o trânsito, o vento, a temperatura, a paisagem, a cidade, sentir o frio ou o calor e a vida de forma geral. A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou em 2010 a bicicleta como o meio de transporte mais sustentável do mundo. Faz bem a nossa saúde mental e física, à economia e ao meio ambiente. E neste período de pandemia de coronavírus faz toda a diferença.

 

Olha que coisa mais interessante: segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), no Brasil há mais bicicletas que carro, sendo 50 milhões de bikes e 41 milhões de carros. Mas, ainda assim, apenas 7% dos brasileiros usam a bicicleta como meio de transporte principal. Sim, há vários fatores que inibem os brasileiros de pedalar, passando pela falta de infraestrutura adequada, educação no trânsito e até questões culturais. Mas, aos poucos, as coisas têm mudado. E nesse momento de tensão e ansiedade por conta da Covid-19 o ato de pedalar tem provocado mudanças nas políticas públicas e no cotidiano das pessoas.

 

Sabemos que a melhor maneira de passarmos por este momento histórico e difícil é nos cuidando, nos prevenindo e tentando nos mantermos saudáveis de corpo e mente. Uma grande aliada, para muitas pessoas, tem sido a bicicleta com pedalada individual ou em grupo. Pedalar contribui de diferentes maneiras com o bem-estar físico e a saúde mental. Pare para pensar: Você já viu algum ciclista pedalando com raiva? Eu nunca vi. Às vezes alguns ficam bravos porque não são respeitados como mandam as leis de trânsito, porém passa rápido. Pedalar aumenta a liberação de endorfina e serotonina, substâncias que causam a sensação de prazer, conforto e tranquilidade.

 

O contato com a natureza que a atividade proporciona gera ainda maiores resultados, porque promove momentos incríveis de contemplação e liberdade. Sensações que ficamos privados por causa do isolamento social que estamos fazendo como prevenção ao coronavírus. É importante lembrar que a prática do ciclismo pode e deve ser realizada, mas precauções também devem ser tomadas. De acordo com o Decreto n. 14.288/2020 da Prefeitura de Campo Grande-MS, fica estabelecido que o ciclismo pode ser praticado respeitando a distância de 20 metros de outro ciclista. É importante estar utilizando máscara e, claro, não podemos esquecer os objetos de segurança como capacete e sinalizadores. Sempre lembrar de colocar a segurança em primeiro lugar.

 

A prática pode ser uma pedalada longa ou um simples passeio no bairro, próximo de casa. O importante é desfrutar do vento no rosto e nos sentirmos bem e dispostos. Neste período de pandemia tenho observado que amigos e conhecidos que antes não eram adeptos da bike, agora estão pedalando. Encontraram no ciclismo uma maneira de espairecer e esquecer os problemas. A oportunidade de pais e filhos “brincarem de bicicleta”. Aprender a se equilibrar e dar as primeiras pedaladas é um grande desafio para meninada que está em casa em quarentena. Um exercício para família toda.

 

Cada um no seu ritmo, do seu jeito, respeitando as recomendações dos órgãos de saúde, usando máscaras, não aglomerando, fazendo a higienização correta de mãos e objetos, respeitando os horários e as distâncias estabelecidas, pode ter na bike o alívio necessário. Isto evita os sintomas da tensão, depressão, mantém sua saúde e das pessoas que amamos. Pedalar é um ato de amor próprio e também coletivo.

 

*Vereador por Campo Grande, Vice-Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal de Campo Grande e Coordenador Nacional da Frente Parlamentar de Vereadores Ambientalistas.