quarta-feira, junho 18, 2008

AFONSO PENA: NOSSA IDENTIDADE

Muito me preocupa a forma que nossos administradores têm encontrado para adequar o crescimento urbano e manter a qualidade de vida. Sabemos, e defendo, a necessidade de adaptação em vias de tráfego e desenvolvimento econômico, aliados a melhores condições de vida e respeito aos munícipes. Me indigno, e não apóio, a forma como muitas decisões são tomadas e postas em prática.
Em matéria publicada em 17/05/2008, às 15hs, no site Midiamax, com o título: PROBLEMA DO CENTRO NÃO SE RESOLVE ESTE ANO, DIZ TRAD. Ao anunciar financiamento de US$ 19,4 milhões - o equivalente a R$ 33 milhões, aprovado pelo Senado junto ao BID, o texto cita: “No projeto levado a Brasília, o prefeito Nelsinho Trad inclui, por exemplo, a transformação do canteiro da Avenida Afonso Pena em corredor exclusivo de transporte público urbano”. Em matéria pública no jornal Correio do Estado de 16 de junho/2008, com a chamada de capa: REFORMA DA AFONSO PENA CUSTARÁ R$130 MILHÕES, apresenta a intenção de, mesmo mantendo as árvores centenárias, descaracterizar a Afonso Pena.
Quero ressaltar que em 19 de maio, a Associação Bálsamo protocolou oficio junto ao Gabinete do Prefeito solicitando, na condição de cidadãos, esclarecimentos e detalhamento do referido projeto. A resposta foi, depois de mais de 15 dias de espera, “em momento oportuno a sociedade será informada sobre o projeto”. Momento oportuno? Já tramita o pedido da verba, já está oficializada a proposta junto aos órgãos federais e possíveis parceiros financeiros, e ainda não é o momento de discutir com a sociedade? Será que mais uma vez o procedimento é ir levando a “banho maria” e assim que os recursos forem liberados entrar na versão do “faz de conta”. Isso mesmo, faz de conta que nós consultamos, pois para validar tais procedimentos instalam-se as chamadas audiências públicas, que bem sabemos como funcionam, e numa farsa de democracia tudo desce goela a baixo. Assim foi com os velhos trilhos do centro, e muitos monumentos históricos, um clássico exemplo: nosso relógio que hoje não esta mais na rua de origem e nem na cor de nascença.
Não se trata apenas de ser contra as intervenções, mas de saber quais são elas e os seus verdadeiros impactos sociais, ambientais e culturais. A avenida em tela é nada mais nada menos do que o nosso mais conhecido cartão postal, nossa identidade fundida as suas árvores centenárias, aos seus canteiros largos. Uma característica que nos diferencia de outras capitais, a cidade da avenida larga, arborizada e bonita que corta todo o centro.
Concordo que as intervenções na região central são indispensáveis, mas tenho a certeza que muitas opções existem sem necessariamente destruirmos mais um ponto de nossa identidade cultural, ambiental e social. Precisamos considerar nossa história e nossos patrimônios, e acima de tudo ouvir a população e de fato exercer a democracia.
Campo Grande, MS.

Nenhum comentário: