quarta-feira, dezembro 02, 2009

O MAIOR EQUÍVOCO DOS POLÍTICOS DE MATO GROSSO DO SUL.

A Assembléia Legislativa do MS aprovou em primeira votação o Zoneamento Ecológico Ecônomico (ZEE), mais conhecido como ZEE da Cana. Esse Zoneamento, não é de tudo ruim, mas em sua parte mais polêmica e absurda, abre o Pantanal para plantio de cana e instalação de Usinas de Àlcool. Mesmo com as tecnologias avançadas, em plantio se usam produtos químicos, corre-se risco de acidentes e muitas vezes, muitas mesmo, o desrespeito ambiental compromete áreas de preservação. Em se tratando de PANTANAL, risco altíssimo, pois a beleza do Pantanal se dá exatamente por sua fragilidade e dinâmica das águas. Um ato desrespeitoso e vergonhoso do Governo, pois o mesmo assumiu compromissos com a sociedade e não cumpriu.

Para enterdermos nosso Mato Grosso do Sul, precisamos saber que estamos entre duas Bacias Hidrográficas, a do Paraná (região de nosso planalto, águas corrente, mais da metade do Estado, e que por uso da agricultura descontrolada, temos as maiores áreas degradadas) e de outro lado a BACIA ALTO PARAGUAI (BAP, onde está o Pantanal, nossa planície, águas calmas, local ainda "preservado", dado a cultura e relação do homem pantaneiro e das dinâmicas hidricas). O que não fica claro é porque entra Governo, sai Governo, e a vontade de plantar cana e instalar usinas no Pantanal volta a tona. Temos mais da metade do Estado apto a isso, embora vale ressaltar que qualquer monocultura pode ser ameaça. Esta briga se dá desde os anos 80. Por essa causa já perdemos gente.

Estranhamento maior se dá nesse momento, além das razões ainda obscuras a cerca do tema, há pouco houve a vergonhosa ação discriminatória e indesejável do Governador em exercício contra o Ministro do Meio Ambiente, não me reportarei ao caso, pois é de conhecimento público. E face ao fato, o Governador, temendo manifestações contrárias dos Movimentos Sociais e Ambientais, se fez de bonzinho, de democrático e chamou os Movimentos para "dialogar". Em país democrático, a arte do diálogo permeia a sociedade, assim fomos, assim ouvimos, assim falamos. E tivemos duas reuniões. O combinado era uma revisão do ZEE, uma consulta mais detalhada e ai sim, encaminhamento para a Assembléia, ou seja, o Governador assumiu o compromisso de retirar a urgência de votação e se comprometeu a encaminhar apenas depois de esgotar o diálogo.

Não só descumpriu o que havia dito em reunião com os movimentos, como em parceria com a Assémbléia, que pretende votos fáceis no discurso do "progresso a qualquer custo", comete o maior absurdo possível. Comprometer o Pantanal, seja pela razão que for, é ir além de todos os limites. O que eles não entederam é que Pantanal é Patrimônio da Humanidade. Que o Mato Grosso do Sul pode, e tem muito potencial, para ser o Estado mais produtivo, desenvolvido e sustentável do Brasil, mas para isso precisa ter responsabilidade e comprometimento de verdade. O mundo precisa, e saberá, que o álcool produzido no MS é "sujo", compromete a maior Planície Alagável do mundo. O Pantanal não é só cartão postal, é Patrimônio de todos.


Eduardo Romero
ator, ambientalista e jornalista

5 comentários:

Gustavo de Deus disse...

Parabéns pelo artigo Eduardo, sobre a questão ambiental não há nada mais a ser dito, só quem não quer não entende o risco e o prejuízo das usinas no pantanal. Já sobre o nosso governador, é triste percebermos que nosso maior governante é um digno coronel pantaneiro (lembra do ACM?)que representa essa elite arrogante e preconceituosa que sempre governou nosso estado. Para conseguir agradar seus próprios interesses e os dos seus compadres, passa por cima de tudo, como um trator, até mesmo contrariando uma decisão do Presidente da República, e como você disse, desrespeitando com termos de baixo calão, o Ministro do Meio Ambiente. A nossa luta não é apenas para preservar nosso patrimônio ecológico, é também uma luta contra a arrogância e o coronelismo dos políticos dessa grande fazenda chamada Mato Grosso do Sul.

centumuiri disse...

Concordo totalmente. Triste o descaso e ataque ao ecossistema pantaneiro. Como corumbaense me sinto intimamente ligado ao assunto (dentre outros do mesmo gênero e que no fim refletem a mesma disputa entre dinheiro e todo o resto, como a degradação que as mineradoras estão promovendo desenfreadamente no Maciço do Urucum). De qualquer forma, é uma decisão já esperada vinda de quem vem e passando por onde passa. Grato pelo texto! :-)

Anônimo disse...

O governador descumpriu o combinado?
Disse uma coisa e fez outra?

Honradez, estabilidade e honestidade nunca foram o forte dele. Nem dos "compadres" do coronel André Mussonelli.

Em terra de tamanha biodiversidade e diversidade intelectual e cultural não podemos ter um fascista, racista, homofóbico, machista, déspota, egocrata e umbiguista no poder.
André Benito Mussonelli deve ser denunciado!!!Quem comete crime contra um patrimonio da humanidade deve ser julgado por cometer crime contra a humanidade!
Nem Puccinelli, nem Zeca!
A terra é da Terra!

Unknown disse...

Parabéns pelo artigo, concordo com vc, o Pantanal é aptrimonio de todos e devemos preserva-lo.

Marcelo Rezende disse...

Ninguém aguenta mais a truculência fascista desse governador que passa por cima de tudo e de todos pra alcançar seus objetivos mesquinhos. Fala o que quer, depois a pedido de sua assessoria convoca coletivas pra corrigir o incorrigível. Basta desse carcamano que não tem compromisso nenhum com nossa terra. Parabéns Eduardo, pela coragem e pelo artigo!