Osho, em "A Essência do Amor: Como Amar com Consciência e Se Relacionar Sem Medo"
A solidão traz em si algo de tristeza, algo de pesar, e mesmo assim uma profunda paz e silêncio. Tudo depende de como você olha para ela.
Se você se separou do ser amado, olhe para isso como uma grande oportunidade de estar sozinho. Então a visão muda. Olhe para isso como uma oportunidade para ter o seu próprio espaço.
Está ficando cada vez mais difícil termos o nosso próprio espaço, e a menos que o tenhamos, nunca nos familiarizaremos com o nosso próprio ser, nunca chegaremos a conhecer a nós mesmos.
Estamos sempre ocupados, envolvidos em milhares de coisas — relacionamentos, compromissos do dia-a-dia, preocupações, projetos, o futuro, o passado —, vivemos continuamente na superfície.
Quando a pessoa está sozinha, ela pode começar a se aquietar, a assentar. Pelo fato de não estar ocupada ela não estará se sentindo da maneira como sempre se sentiu. Será diferente, e essa diferença pode parecer muito estranha.
E certamente, quando a pessoa está separada, ela perde os seus amores, os seus entes queridos, os seus amigos, mas isso não será para sempre. É só uma pequena disciplina.
E, se você ama profundamente e mergulha fundo em si mesmo, estará ainda mais preparado para amar profundamente, pois só a pessoa que se conhece consegue amar profundamente.
Se você vive na superfície, o seu relacionamento não pode ser profundo. Afinal de contas, é o seu relacionamento. Se você tem profundidade, então o seu relacionamento terá profundidade.
Por isso, considere essa oportunidade uma bênção e aproveite-a. Delicie-se com ela. Se você lamentar muito, toda a oportunidade estará perdida.
E ela não é contra o amor, lembre-se. Não se sinta culpado. Na verdade, ela é a própria fonte do amor. O amor não é o que acostumamos pensar. Não é isso. Não é uma mistura de sentimentalismo, emoções e sentimentos. É algo muito profundo, muito fundamental.
Trata-se de um estado de espírito, e esse estado de espírito só é possível quando você penetra no seu próprio ser, quando você começa a se amar. Essa é a meditação quando a pessoa está sozinha: ame-se a si mesmo tão profundamente que, pela primeira vez, você se torna o seu próprio objeto de amor.
Portanto, nesses dias em que estiver sozinho, seja narcisista; ame a si mesmo, delicie-se consigo mesmo! Delicie-se com o seu corpo, com a sua mente, com a sua alma. E aproveite o espaço que está vazio à sua volta e preencha-o com amor. Não existe nenhum amante ali, preencha-o com amor!
Espalhe o seu amor pelo espaço, e ele começará a ficar luminoso, reluzente. E então, pela primeira vez, você saberá, quando o seu amante se aproximar de você, que agora esse amor tem uma qualidade totalmente diferente. Na realidade, você tem algo para dar, compartilhar. Agora você pode compartilhar o seu espaço, porque você tem o seu espaço.
As pessoas comuns acham que elas estão compartilhando, mas elas não têm nada para compartilhar — nenhuma poesia no coração, nenhum amor. Na verdade, quando elas dizem que querem compartilhar, não querem dar nada, porque elas não têm nada para dar.
Elas estão em busca de alguém que lhes dê algo, e o outro está no mesmo barco. Ele está procurando tirar algo de você, e você está tentando tirar algo dele. Ambos estão, de certo modo, tentando roubar algo do outro.
Por isso o conflito entre os amantes, a tensão; a tensão contínua para dominar, para possuir, para explorar, para fazer do outro um meio para atingir o prazer; para de algum modo usar o outro para a sua própria gratificação.
É claro que escondemos tudo isso atrás de lindas palavras. Dizemos: "Queremos compartilhar", mas como você pode compartilhar algo que não tem?
Portanto, aproveite o seu espaço, a sua solidão. Não o preencha com lembranças do passado nem com fantasias acerca do futuro. Deixe-o como está — puro, simples, silencioso. Delicie-se com ele; brinque, cante, dance. É uma grande alegria estar sozinho!
E não se sinta culpado. Isso também é um problema, porque os casais sempre se sentem culpados. Se estão sozinhos e se sentem felizes, eles se sentem culpados. Pensam: "Como uma pessoa pode ficar feliz longe do ser amado?" — como se você estivesse enganando a outra pessoa.
Mas, se você não consegue se sentir feliz quando está sozinho, como vai conseguir se sentir quando estiverem juntos? Portanto isso não é uma questão de enganar ninguém.
À noite, quando ninguém está olhando, a roseira está preparando a rosa. Lá nas entranhas da terra, as raízes estão preparando a rosa. Ninguém está olhando. Se a roseira pensar: "Só mostrarei as minhas rosas quando houver alguém por perto", ela não terá nada para mostrar. Não terá nada para compartilhar, porque qualquer coisa que você possa compartilhar primeiro tem que ser criada, e toda a criatividade surge das profundezas da solidão.
Portanto, deixe essa solidão ser um útero, e aproveite-a, delicie-se com ela; não sinta que está fazendo alguma coisa errada. Trata-se de uma questão de atitude e maneira de ver. Não dê a interpretação errada. A solidão não precisa ser algo para se lamentar. Ela pode ser cheia de paz e felicidade, depende de você.
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