quarta-feira, dezembro 06, 2006

QUEBRADEIRAS DE CÔCO


Babaçulândia, norte do Tocantins e as margens do rio. A região leva esse nome devido a grande quantidade de palmeiras de babaçu, côco da região. Deste se extrai óleo e se produz artesanato e carvão. O local é pobre e de difícil acesso. Para chegar é preciso encarar lamas, ribeirão (sem ponte) e muitos buracos . A vila Garrancho é isolada (literalmente; quando o riberião enche ninguém entra e nem sai, ele é um divisor natural). Sem infra-estrutura. Aqui são muitas as Marias, Josefas, Keilas e Cleuzas que do babaçu dependem para viver. O dia dessas mulheres começa cedo e não é nada fácil. É preciso se embrenhar na mata e catar os côcos (muitas aproveitam e extraem a castanha por lá mesmo). Trabalhar com o produto, que exige força e habilidade. E assim, de castanha em castanha, artesanato em artesanato, elas vão se mantendo e mantendo suas famílias. O ofício é passado de geração a geração. Há anos se tornou a forma de sustento e trabalho. É o que esse povo aprendeu a fazer. É o que os mantém nesse local.
o orgulho...
Há três anos elas organizaram a Associação de Quebradeiras de Côco, e estão orgulhosas. Compraram maquinários e entraram de vez na produção do artesanato. Aproveitando o babaçu por inteiro. "Tenho orgulho de ser quebradeira de côco", afirma Keila, a presidente. As peças têm valor agregado e dá melhor renda para as artesãs. Compensa pelo financeiro e também é menos trabalhoso que a forma tradicional de quebra.
o medo...
Tudo caminha bem, obrigado. Ôpa, será? A associação está montada e vendendo muito. Dando outra cara e sentido ao local (castigado). Mas...há uma ameaça, ou promessa? Parte da região norte, às margens do rio Tocantins, está fadada á morte. Um mega projeto de construção de usina hidrelétrica está em andamento. Muitos lugares, inclusive Babaçulândia, será coberto de águas. Interesses de grande capital. "Parece um castigo. A gente conseguiu se organizar, estamos vivendo melhor e corremos esse risco. Nem sabemos pra onde vamos e como vamos ficar!", desabafa dona Maria.
a compensação ...a dúvida...
Como medida compensatória a empresa responsável pela barragem irá deslocar as famílias e "indenizá-las" (no Brasil já vivemos muitos problemas parecidos). Prometem (avalizadas pelo governo) infra-estrutura e condições "dignas" (o que será digno para eles?). A grande dúvida que paira no ar é: além das famílias eles também removerão as palmeiras de babaçu? Ou será que as donas Marias, Josefas, Keilas e Cleuzas terão que se virar, resgatar suas auto-estimas e econtrarem outro sentido na vida?

sábado, dezembro 02, 2006

ESSA VEIO PRA DERRUBAR

Espirro, febre. Dói aqui, dói ali. O nariz sangra, o corpo está "moido". Peito chiando, tosse, respiração ofegante. Há tempos eu não tinha uma crise de bronquite aliada a tão forte gripe e asma. Cama o dia todo. Perdi as contas de quantos chás e remédios tomei. Fiz inalações (e muitas vezes). Desmarquei compromissos. A minha saúde parece estar pedindo um tempo. Não sou de entregar os pontos, mas nesse caso eu me rendo.
a família substituta...
Sorte minha a de estar hospedado na casa da família Beserra (com "s" mesmo), sou tão bem tratado que já me sinto um membro. Graças a eles o meu desespero não é maior (doente longe de casa é mais frágil). Cuidam de mim, se preocupam com a minha alimentação e dormida. Um agradecimento especial a Fátima e a Beatriz. Me cuidam como filho. O tempo todo é cházinho, remédios e estão sempre à porta do quarto perguntando: " tá melhor?", "precisando de alguma coisa?". Obrigado e desculpem a trabalheira. Na noite, as crises respiratórias foram tão intensas que ninguém dormiu; desculpem. Não há como descansar. Acabo constrangido por atrapalhar o sono de todos, e ao mesmo tempo me sinto amparado.
os amigos
Adoecer não é nada bom. Imagine longe de casa e dos amigos! Amigos me são presentes aqui. Sou um doente com direito a visitas. Daqueles que ficam no quarto (cena engraçada) com cadeira do lado da cama, para receber quem chega. Isso me anima.
a saúde pede um tempo...
Tenho trabalhado bastante (oficinas de teatro e comunicação), feito apresentações, participado de bates-papos e conhecido lugares e pessoas. Viajo os arredores, histórias vivas; passo o dia em vilarejos e matas a dentro. Desde a saída já foram mais 8 mil km. No norte o calor é demasiado, as chuvas constantes. Imagina: você sai com o tempo bom, de repente chuva e em seguida sol escaldante. Não tem como se preteger, ainda mais de moto. Assim não há resitência que dê conta. Preciso de repouso e chás mesmo, rs.
Ficarei aqui até finalizar a agenda já assumida (ultimas atividades terminam em 18/12). Pretendo encarar os 2.200 km (de retorno) e passar o Natal e Ano Novo com a família (além de ser data especial, minha mãe passará por cirurgia nesse período). Descansado e recuperado seguirei com o Girobrasil em 2007 pela rota Sul, Nordeste e Norte, assim, estarei livre do período chuvoso aqui. Esse é o desafio do Girobrasil: conhecer e viver cada região do nosso Brasil. Sem medo de mudanças e adaptações.
aos leitores e amigos...
Tenho um compromisso com vocês. Informar da viagem e divulgar o que acontece. É muito bom acessar o blog e receber vossos comentários. Obrigado. Continuem acessando e divulgando. Usem os textos se lhes servirem (seja em sala de aula ou mostrando a amigos), esse intercâmbio é o barato de tudo. Vamos revelar os brasis existentes dentro do nosso Páis. Até o próximo texto (breve).