quarta-feira, novembro 22, 2006

IR OU FICAR?

Chegar, ficar. As horas vão passando, as amizades nascendo. Uma apresentação aqui, outra acolá. Um projeto novo, um desafio maior, uma esperança de mudanças (no sentido literário) de poder deixar uma contribuição e também levar algo. Aos poucos a sensação é de estar inserido no processo local, de fazer parte da história e da realidade do lugar. Respirar. Sonhar e voltar com os pés no chão. Aqui no Tocantins estou superando o limite de dias imaginado (e bem acima, já estou há 15 dias, quando o pensado eram 08). As coisas vão acontecendo. Surgem propostas de trabalho, desafios e ao mesmo tempo o reconhecimento de um sonho (e na verdade preciso de trabalho, pois não há patrocinador no Girobrasil).
as redes se fazem...
Uma saída, um bar, uma oficina teatral, no encontro entre amigos, em uma universidade; se conhece pessoas, gente. E quase como uma regra química os semelhantes se encontram (ou se opoem?). Tenho conhecido uma galera de sangue bom, professor José Manoel, Professora Lia, Patricia (e toda turma da Visão Mundial), Artemisa, Edilberto, e a família do Welliton, que acreditam em transformação social. Gente do bem. Amigos e parceiros. Aos poucos vamos tecendo a rede da vida, pois é assim que vivemos, em rede. Já dizia Fernando Pessoa: "Nenhum homem é uma ilha". È preciso estar em conjunto, em coletivo.
O calor e as chuvas repentinas do norte delimita o sentimento humano, da presteza e do agrado. È preciso olhar com calma para não se entregar de vez.
ir ou ficar...
A entrega às necessidades culturais, a receptividade do povo. Ir ou ficar? Reflexão indispensável. Em breve irei, e preciso prosseguir. Mas preciso cumprir algumas agendas assumidas (e ficar atento, pois a cada dia me surgem novos convites, confesso que me faz bem, sinto reciprocidade, mas há muito a conhecer ainda pelo Brasil). Que os leitores tenham a certeza que a cada dia (mesmo diante das dificuldades encontradas) afirmo meu pensamento de que há gente que gosta de gente. Que gosta com a pureza do humano (ao mesmo tempo complexo), que gosta de forma gratuita e livre. E que faz disso uma forma de vida.

sábado, novembro 11, 2006

VOLTA AO TEMPO

Hoje voltei ao tempo;
revi pessoas e coisas,
relembrei momentos...

Respiro. Reviro-me de um lado para outro. Sensação de desconforto. Em consciência nada me importuna. Mas há uma sensação de nostalgia. Tenho lido e ouvido as histórias do lugar, das brigas contra a injustiça social e da busca de sonhos (como a reforma agrária). Conheço por relatos e textos o Josimos (Pe. morto por defender os excluídos); tomo ciência do exemplo da quebradeiras de côco (mulheres que se associaram pela sobrevivência); da guerrilha do Araguaia (camponeses pela reforma agrária, brutalmente assassinados); me contorço. Não há conformidade.
Latente em mim pulsa algo que não sei definir, mas que me deixa fora do "normal". Emotivo. Pasmo e ao mesmo tempo com vontade de fazer algo. Não sei o quê, nem como como.
Me dá saudades, me dá raiva, me dá alegria. Me faz respirar profundamente ( no ar e na história). Fica a certeza: algo me incomoda e, é como se fosse um vulcão em processo de aquecimento. Podendo entrar em erupção ou até mesmo adormecer mais tempo. Não tenho respostas, e nem ação. Mas sei que hora ou outra entederei algo, "a ficha cairá" e poderei compreender o que agora nem faço idéia... Por enquanto recorro a respiração e essas anotações como alívio paliativo...

quarta-feira, novembro 08, 2006

SOBREVIVI A BR 153...

O dia começa a clarear; o relógio marca 6hs e 50min, manhã fresca e gostosa de segunda-feira (06/11), ar de chuva. Com a traia organizada sigo estrada, inicialmente pela GO 431 (pista boa) e logo chego a BR 153 (conhecida como Belém-Brasília). Começa a prova de resistência e sobrevivência.
a vida pede passagem...
São horriveis os buracos e as condições da via. Não há acostamento, sinalização e nenhuma condição de tráfego. Os motorista saem como famintos de pés cortados, se arrastejam. Não existe mão para quem vai ou para quem vem, só existe caminho pra quem consegue sobresair aos buracos, verdadeiro caos.
Não há possibilidades nem de encostar a moto para fotografar, nenhum local seguro, nenhum mesmo. Por vezes corri risco de vida, fui expulso ao mato (pois acostamento não existe). Assustei. Freadas intensas, e por muito a sensação de perigo me altera, assusta, desanima, eita estrada nojenta.
curioso:
Embora a precariedade tome conta do trecho de 200km acima descrito, não avistei (graças a Deus) nenhum acidente. Bastou entrar em pista confortável (já reformada e decente) que em menos de 30 km presencio um desgovernamento de carreta, provocando tumulto na via.
O motorista perdeu o controle e deu o famoso L (situação em que a cavalinho -frente da carreta- se vira totalmente e forma em conjunto com a traseira a letra L), estrago material, mas nehuma vítima, apenas uma hora de trânsito parado. Os guinhos entram em ação e liberam a estrada.
Percorri 766 km neste dia, no trecho final (130km) uma chuva me acompanhou e refrescou a tardinha. Per noitei em Paraíso do Tocantins. Manhã seguinte é preciso encarar os 360 Km restantes.
rodas na estrada...
Depois de uma boa noite de sono é hora de voltar a estrada, agora em melhores condições de tráfego. Me acampanha um tempo nublado e um calor infernal (começo a entender que estou no norte, rs).
Chego no início da tarde em Araguaína - TO, ufa, graças a Deus!
Da estrada guardo a sensação de estar sempre no fio da navalha. Qualquer erro (por mais bobo que seja), qualquer descuido (seja fração de miléssimos de segundo), pode ser fatal...

domingo, novembro 05, 2006

GOIÁS...GOIÁS...

Em Goiânia-GO foi recebido pela galera do CJ (Coletivo Jovem do Meio Ambiente), Diogo, Patricia (namorada dele) e o Jorge; depois conheci o Anselmo, uma turminha especial. Fiquei hospedado na casa do Diogo (ele mora com avós e parece hotel de trânsito toda hora tem gente diferente na casa, rs). Me levaram pra conhecer a cidade, e organizaram minha agenda, marcaramm escolas, entrevistas e city tur. O Diogo viajou e mudei a hospedagem pra casa do Anselmo (ele também mora com avó, rs). Encerrei as atividades em Gioânia na quinta (feriado). O Girobrasil chegou à escola estadual Irmã Gabriela (falei com 200 jovens, foi ótimo), entrevistei o Gabriel (um papo cabeça sobre homossexualidade e jovens), muitas imagens da cidade. Fui a teatros, conheci muitas pessoas e batemos muito papo. O CJ organizou a ida para Perinópolis, e o Anselmo foi meu guia e auxiliar (cara super gente boa e amigo).
Pirenópolis - história e cachoeiras...
Em Peri conheci a Aline e o Luiz (eles também são do CJ-GO e namorados), fiquei hospedado numa chacara modesta, a 4km da cidade (rica em frutas, casa do Luiz). E lá se iniciaram as entrevistas, fotos e caminhadas. A cidade é rica em arquitetura e história, além de cachoeiras e gente interessante (não entrarei em detalhes, afinal tem que ficar algo pro livro né, rs), valeu a pena. Aproveitei a vinda do Anselmo e incentivei-o a conhecer a área de comunicação, ele fez imagens, experimentou na prática o fazer. No domingo almoçamos com a familia da Aline (agricultores e artesãos), comida caseira e deliciosa, feita no sítio.
o que fica de Goiás...
A passagem por Goiás me surpreendeu. Estive a vontade, me senti em casa. Conhecer a galera do Coletivo Jovem me fez voltar ao tempo, a minha história. Me vi quando no Clube de Ciências, Grêmio e Grupo de Teatro Estudantil, as oportunidades e descobertas afloravam ( é algo maravilhoso descobrir outros pensamentos, outros mundos). Recordei-me como as pessoas que passam por nossa vida são importantes e podem deixar inúmeras contribuições (nisso fui privilegiado, a vida me colocou em contato com muitas pessoas especiais). Poder estar com essa turma foi algo incomensurável. E espero ter deixado a minha contribuição (pois a deles eu levo comigo), que essa turma, agora amigos, realizem os sonhos, conquistem seus espaços. No coração levo a certeza de ter encontrado gente do bem, na alma o sentimento de ter sido útil.
rumo ao Tocantins
Sigo nesta segunda (06/11) para Araguaína - TO, tenho mais 1.200 km pela frente (ufa, rs). Quero poder conhecer o Jalapão e cumprir meus compromissos com a galera da Unitins (darei uns cursos na Uiversidade Estadual do Tocantins). Amig@s fiquem bem, e não se esqueçam de acessar, comentar e divulgar. Vocês me dão forças e energias para a continuidade... Abraços...