A cidade é pequena, interior da Bahia, Ipiaú, símbolo da ascenção e queda do do império do Cacau. E de uma personalidade forte, irreverente, Tito da Cruz.
Na adolescência, para desviar a atenção dos colegas sobre sua sexualidade, assumiu o apelido de Maconha, sem nunca ter fumado. Fugiu do curso de agropecuária, das botas sete léguas e do facão; aceitou seu destino e transformou-se no Arco-Íris do Nordeste, conquistando espaço e sonhos.
A vida não é fácil, exige. Para estudar e ensaiar òpera no Teatro Castro Alves (Salvador), trabalhou com lavagem e venda de roupas em boates gays, serviu refeições na feira livre. Andou léguas. Se inscreveu em shows populares, festivais e programas de TV. Aos poucos a força do forró assume reisado em sua identidade musical. É cantando o amor, o chamego, a alegria e a luta baiana que seu forró sambado explode. Conquistou espaço e a partir de 2002 se tornou presença nas festas de São João e Carnaval de Salvador. Sua mais conhecida composição é a música Pedra Bonita. Passa a ser conhecido na Bahia do extremo sul á caatinga. "Há 25 anos cantei pela primeira vez acompanhado pelo mestre Gafieira, mas eu não gosto de tocar neste assunto para não especularem minha idade", entre uma risada e outra. Polêmico e bem humorado, gravou forrós e sambas no Recife também.
Deixa claro sua posição: "sou uma pessoa pública, não tenho pretensão de omitir uma vírgula sobre minha sexualidade por causa de minha carreira. Meu trabalho é uma linguagem nordestina e o arco-íris é o símbolo gay mundial, eu sou um artista de representação GLS", afirma.
Gravou dois CDS com recursos próprios e o terceiro pelo Canta Nordeste, apoio de mídia local. Produz eventos culturais regionais, e sonha ver nas telas da TV seu roteiro de novela (que escreve há dez anos e guarda em segredo, pretende entregar em mãos a Glória Perez)