Audiência publica promovida pela Comissão Permanente
de Meio Ambiente da Câmara e presidida pelo presidente desta comissão, o vereador
Eduardo Romero (PT do B) foi importante para reforçar três pontos sobre
pichações. O primeiro é em relação à questão legal, ou seja, que pichar é crime
e não tem como ser interpretado de forma diferente; o segundo ponto a analisar
é a questão pedagógica, com a transformação do público pichador e o terceiro
item diz respeito à questão cultural.
Na audiência pública realizada na Câmara Municipal
na noite de ontem, quarta-feira, foi debatido o tema pichação. Com o encontro
foi possível ouvir vários segmentos, tanto artístico, da fiscalização e
cumprimento da lei e também a juventude, garantindo a manifestação artística
sem o desrespeito ao patrimônio público e articular.
‘A família é
fundamental neste processo educacional e de mudança de comportamento. Por outro
lado o poder não pode só exigir a lei, tem que ter parcerias com aqueles que
estão dispostos a, por exemplo, transformar o rabisco numa arte que pode até
ser uma profissão como é ocaso da grafitagem comercial’, defende Eduardo
Romero.
E acordo com a Polícia Militar, o público que picha
não é formado apenas por adolescentes como está estereotipado. Conforme
registros a proporção está em 50% para adolescentes e os outros 50% para
adultos.
A juventude foi representada na mesa de autoridades
pela estudante universitária Marina Peralta. Ela foi bastante incisiva ao
levantar questões que estão contribuindo para o envolvimento deste público em
atitudes previstas como crime, como o caso da pichação. Questões sociais, falta
da oferta de cultura e lazer gratuitos e aspectos educacionais considerados a
desejar precisam de ações públicas urgentes, conforme a estudante.
Na audiência pública foram apresentadas algumas
ideias que podem envolver público pichador no desenvolvimento de sua arte e
também fazer o seu protesto sem ter que atingir patrimônios públicos e Particulares
sem autorização de seus donos e administradores. Uma das sugestões apontadas
foi para que o poder público destine os tapumes de obras para estas
manifestações. Além disso, foi reforçada a importância de um trabalho mais
educativo para esclarecer os aspectos legais das leis. ‘As pessoas têm todo
direito de se manifestarem, mas o direito de um acaba quando começa o do
outro’, pontua o vereador.
A artista plástica Ana Ruas que tem entre outros
trabalhos educacionais o de arte mural destacou que ‘a arte só se completa com
o olhar do outro. De nada adianta a arte se ela então não se completar’. O
intuito de Ana Ruas foi colocar um ponto de reflexão para os pichadores se
realmente o que fazem é arte.
O superintendente de Segurança Pública, delegado
André Matsushita Gonçalves, além de falar das questões da legalidade também
falou de arte. ‘Vamos fazer arte em quem quer receber esta arte’. Com isso ele lembra
que para o agente público de segurança o que é levado em conta na hora da
prisão é se o desenho ou rabisco tem autorização do dono do imóvel ou seu
administrador público. Ele ressalta que mesmo um grafite ou arte mural feitos
sem autorização são considerados crime de pichação.
O promotor Sérgio Fernando Harfouche, titular da 27ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude, trouxe
para audiência dados sobre mortes violentas envolvendo a infância e juventude
nos anos de 2011e 2012. ‘É vergonhosa a marca do País onde os pais estão
enterrando seus filhos. A base desta carnificina, segundo o Ministério da
Justiça, é que aproximadamente 80% das mortes violentas têm relação com uso de
drogas e de pessoas que estão fora da escola’, disse alertando para o aspecto
educacional que está em baixa entre os grupos que se envolvem com a
criminalidade.
Sérgio Harfouche também frisou que
Campo Grande é uma cidade que não há espaço para brincar. Mas nem por isso dá o
direito de pichar aquilo que não é de sua propriedade justificando um protesto
por melhorias.
Vereador
Eduardo Romero ressalta que o intuito da audiência pública foi o de provocar
discussões. Agora ele sugere que os coletivos façam sugestões para a Casa de
Leis na tentativa de elaborar pontos legais. ‘Não é descumprindo uma lei para
cobrar outras que vai funcionar’, finaliza.
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