Estar em uma casa simples, com pessoas simples. Rememorar a infância, a adolescência. Durmir em um quarto pequeno, quente, colchão ruim (mas tudo fica ótimo dado o carinho e atenção). Ser acordado não por barulhos, mas pelo cheiro do café, coado a moda antiga - no coador de pano mesmo - é mais gostoso. No almoço saboriar um bom ovo frito (de preferência caipira) e, quando possível, na sobremessa pudim de trigo (é mais barato e volto a infância).
Estou na labuta... depois de rodar o Brasil agora é hora de fechar o material...livro...exposição de fotos e documentário...buscando parcerias...e olha que muitos me acharam louco: viajar o país de moto, e ainda de 150cc...é doido mesmo. Mas, eis que as voltas do mundo mostram que nunca estamos sozinhos em nossas loucuras...e por indicação de amigos recebo em casa o Zé da Motoca, 55 anos...esse é corajoso hein, rs. Viaja há oito anos e com uma mobilete de 50cc...está completando a terceira volta ao Brasil.
Elas me acompanharam, foram úteis e necessárias...mas como para tudo há um limite, o delas chegou... Foram danificadas e pouco a pouco surgiu o momento de deixá-las. Com elas as amarras da vida, os pré-conceitos, as opiniões antecipadas - e muitos pontos de vista. Assim como as botas - que me parecia ser impossível não tê-las e não usá-las , e agora percebo que foram úteis, mas não servem mais - creio que seja a vida.
Um casal de escravos: mãe Catirina e pai Francisco; ela grávida desejou comer a língua do boi - o preferido do Senhor - o esposo foi a busca e cortou a língua do tal. O Senhor, dando falta do animal, mandou os vaqueiros á procura...encontraram-o morto. Desesperado ele mandou chamar os índios para a pajelância, no intuito de resuscitá-lo. Na manifestação muitas cores, interação com o público, toadas, e muita religiosidade. A festas ocorrem no mês de junho, e é dedicada aos Santos desse período. Existem várias maneiras (aqui chamadas de sotaques) dessa manifestação: boi de matacra, boi de orquesta, boi de zabumba - conforme as vestimentas e instrumentos utilizados...e São Luis é o palco de todos os bois...
A cidade era inicialmente uma aldeia tupinambá que foi conquistada pelos franceses em 1612, o nome foi em homenagem a Luis XIII, rei-menino da França. Os franceses se aliaram aos nativos na resistência aos portugueses e, 3 anos depois, em novembro de 1965, foram expulsos. Por isso as construções remetem ao período colonial português ... A cidade foi tombada pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade, em 1997. Na cultura local há manifestações muito fortes como o bumba-meu-boi, festa de tradição afro-indígena que aflora na cidade nas festas do mês de junho...e é conhecida como a Capital do reggae.
foto, parece que até os urubus provocavam, rs). Bom, depois de todo esse transtorno e canseira...cheguei a Barreirinhas, região dos lençois Maranhenses...lindo...um bom banho na Lagoa Azul e energias recuperadas...não dá pra descrever, é preciso ver com os próprios olhos...preciso descansar e reapertar a Vermelhinha, amanhã seguimos a São Luiz...
Parnaíba...famosa região do Delta (único em mar aberto das Américas)...litoral piauiense. Aqui conto com apoio do Tuchinha e galera...aproveito e agradeço em especial a Sarah e Herlanno (famoso neguinho). Demos umas voltas na cidade e pude conferir as belezas naturais...vale a pena conhecer. Na foto a praia Pedra do Sal e Morro Branco...devo seguir em breve ao Maranhão. Abraços.
Aqui em Teresina andei pelos lugares, universidades e teatros...tenho uma oficina programada para este fim de semana, 09 e 10 de junho no teatro João Paulo II (tomara que dê público, pois há muitos eventos acontecendo paralelamente e ainda teve um feriadão, rs). Uma atividade que me emocionou muito foi o bate-papo com estudantes de jornalismo da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), foi divertido, provocador e interessante. Falamos do Girobrasil, de sonhos, de ser jovem nesse país tão confuso e simples ao mesmo tempo...na sala umas 20 pessoas, futuros profisionais. Nossa maior provocação: sair da zona de conforto (experimente é estimulador...em outro texto abordarei melhor isso). Dá uma olhada no cartaz pregado na sala da conversa, rs. Ficamos mais de duas horas a dialogar e ainda seguimos a uma mesa de bar (rotina de estudante né, rs), foi muito bom. Rimos, refletimos e sonhamos juntos...
Teresina - a capital do Piauí - tem cerca de 720 mil habitantes...nasceu entre os rios Poti e Parnaíba. Entre suas manifestações culturais há uma lenda que se destaca: a do Cabeça de Cuia. Reza esta que no encontro dos rios existia um pescador, chamado Crispim. Certo dia, ele voltou para casa sem ter pescado nenhum peixe. Irritado, ao perceber que nada havia pra comer, matou a mãe com uma ossada de boi; Antes de morrer a velha o amaldiçôou, condenando-o a viver como um monstro da cabeça grande. Desesperado, suicidou-se nas águas do Parnaíba, e só se desencantará quando conseguir devorar sete Marias virgens...
Cheguei ao Piauí, este é o 19º Estado que o Girobrasil percorre, são mais de 27 mil km...muitas histórias e vivências...muitos brasis dentro de um Brasil só... Aqui conto com o apoio do amigo Cloves Costa (nos conhecemos em 2003 na I Conf. Nac. Meio Ambiente), cheguei a pouco e ainda na definição de agenda...prometo em breve novos relatos. 
Conhecer o Brasil é revelador e apaixonante...cada local novas histórias, paisagens e pessoas...em cada pedaço de estrada nova percepção da vida e do viver...o chegar e o partir. No Ceará fui a 
serra, ao sertão e ao mar... apliquei questionários junto a alunos da UFC, participei do programa da Rádio Universitária (100,7): "Por uma Cultura de Paz", e da TV Diário : "Tarde Livre". Entrevistei jovens e fiz fotos. Mais do que isso, estive em contato com a história - caso da fazenda de Rachel de Queiroz; fiz amigos...recebi benções e proteções...agora é chegada a hora de fazer rastro. De seguir viagem; próximo destino: Piauí.
apenas uma rápida visita, tomar um copo d'agua e uma foto na casa, pronto. Izinha (como é conhecida na região) nos recebeu muito bem, caminhamos, conversamos, rolou até entrevista...experimentei a cajuína (bebida típica sem álcool-artesanal, feita de caju) e nada de sermos "liberados" antes do almoço. Fiquei muito emocionado, poder conhecer o local, ver e sentir onde uma grande escritora e mulher se refugiava para suas produções é inspirante demais. Para minha surpresa: almoço servido, e ela determinou onde eu me sentasse (sempre respeitei os mais velhos, ainda mais sendo a dona Izinha, rs), assim que servi o prato a revelação: "esta é a cadeira que Rachel se sentava para as refeições", confesso que fiquei estagnado (quanta honra). Já era necessário pegar estrada... essa parada foi uma grande surpresa do Girobrasil.
Estou em Fortaleza, capital do Ceará, são 2,8milhões de habitantes (região metropolitana) ... pensa nas complicações de trânsito! Aqui conto com o apoio do amigo Clébio Viriato Ribeiro - envolvido na área de comunicação e cultura (nos conhecemos na I Maratona de Teatro em Aids - Campo Grande-MS em 2002)...como bom cearense o "cabra" é gente boa...arretado e apressadinho, rs, figura do bem. Ele descolou um freela (como dizemos entre os profissionais de comunicação), passamos o dia gravando umas entrevistas para um piloto de programa de TV. E ao fim do dia foi possível passar (só um minutinho mesmo) na Ponte dos Ingleses (símbolo de Fortaleza) e presenciar um lindo pôr-do-sol...que divido com você agora.
Com 800 mil habitantes, Natal - capital do Rio Grande do Norte - é considerada a noiva do sol, pois aqui o mesmo brilha mais durante o dia (e é quente pra daná, rs)... Segundo estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) a cidade possui o ar mais puro da América do Sul. O fato é que a região é bem conhecida por turista de muitos lugares, praias, povo hospitaleiro e muitas dunas, muitas mesmo. Na foto uma visão da praia urbana mais conhecida, a Ponta Negra, o que aparece ai é o famoso Morro do Careca...
e do Norte. Estar no extremo mais oriental do Brasil foi ótimo. 
se entitular: 
ROLIÚDE NORDESTINA. Embora tenha sido muito utilizada pela arte cinematográfica pouco foi o retorno. É na tentativa de reverter esse quadro que surgiu a idéia de Roliúde, um resgate histórico-cultural e de valorização da mão-de-obra local. A região é de um povo simples, sofrido e até castigado com a seca, mas hospitaleiro, animado e esperançoso. Vale apena conhecer Cabaceiras, além de um cenário natural encantador, há pessoas do bem. A região fica há 180 km da capital João Pessoa...estradas em ótimas condições, asfalto, e lindas p
aisagens.
João Pessoa - PB: média de 800 mil habitantes; muito arborizada, tranquila, lindas paisagens e praias. Conhecida pelo extremo Oriental das Américas (a parte de terra do Brasil que mais avança sobre o mar) e por ser o lugar onde o sol nasce e se põe primeiro.
uestionários do Girobrasil junto a alunos da UFPB. Fiz algumas fotos da cidade, percorri o CENTRO HISTÓRICO - a cidade está recuperando os casarios antigos. Aqui se aprende muito da nossa história ao ar livre...e o melhor de tudo é ver esse patrimônio sendo recuperado e preservado... A Paraíba está "pressionada" entre duas grandes potências Pernambuco e Natal, muitas vezes acaba sendo esquecida e parece nem existir; mas posso assegurar que uma vez em contato com essa região a energia e beleza local tomam conta...a gente vira fã. Povo hospitaleiro, lugar convidativo. 
o segundo estado mais pobre do Brasil, a capital João Pessoa é a cidade que mais tem sistema de coleta e tratamento de esgoto no país, um exemplo que persiste desde a fundação da mesma...um bom exemplo, diga-se de passagem.
Depois de uma semana é hora de levantar acampamento...Pernambuco "foi bom vice!", rs. Entrevistei alunos da UFPE e dos Colégios Aplicação e Pedro Augusto. Acompanhei atividades da escola municipal de frevo (foto), a única pública no país e que atende média de 300 alunos de periferia (maravilha). Conheci Olinda e arredores do Recife (muita história e cultura), a chuva me perseguiu esses dias (também já é inverno né, rs), mesmo assim foi tudo ótimo. Agradeço aos novos amigos: Wilson, Valdir, Cibelle, Seu Zeca e ao Sr. Dominicio. E a receptividade dos pernambucanos.
w2.uol.com.br/JC/integracao/media/videos/manha_080507_3.wmv
É galera, estou levantando "alojamento", eu e vermelhinha precisamos seguir por esse Brasil, nosso próximo destino é Alagoas...vamos nós. Mas quero me despedir do Sergipe apresentando a vocês algumas imagens...(tem muita coisa, mas vai pro livro, rs). Conheci boa parte do Estado, graças ao amigo Cadu (pegou garupa na vermelhinha), conheci pessoas e muitas histórias, além de ver de perto 
o potencial da região (ecoturismo e outras alternativas ainda pouco exploradas). Circulei na capital Aracaju e interior. Falei com alunos da UFS (Universidade Federal do Sergipe), da UNIT (Univ. Tiradentes) e escolas públicas, além de comunidades tradicionais. Valeu a pena. Essa fachada de Igreja, possivelmente de 1850, fica no caminho da Serra de Itabaiana, se destaca na paisagem e está abandonada. Pelas andanças no interior aprendi a dançar o LARIÔ, dança típica regional. Me esforçei, acho que fui um bom aluno, rs. 
Valença. Durmi. Rodei poucos quilometros nesse dia (244), mas a estrada e condições de viajem exigiram muito. 
Nas margens da BR 101 o retrato de um Estado, a Bahia que nem é de todos os "santos" ou pecadores... Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas, 54,9% dos baianos, ganham até meio salário. Não vivem, sobrevivem, em todas as condições possíveis para o sub...e muitos nem estão computados, pois nem "existem" na formalidade...estão as margens...de BRs e da vida.
